Em paz?

Até 2007, o dia 7 de fevereiro era apenas o dia do Gráfico e de São Ricardo. Nesse ano, ocorreu no Rio de Janeiro um crime que chocou todo o país: o apelidado "Caso João Hélio".
Aqueles que ficaram extremamente indignados (como eu) se lembram exatamente dos acontecimentos: assaltantes avançam sobre o carro da família do garoto e ordenam que todos saíssem do veículo. Nele estavam João Hélio, a irmã e a mãe. As duas estavam nos bancos da frente e o menino no de trás. Com a pressa e o desespero, João Hélio ficou preso ao cinto de segurança. Quando um dos vagabundos bandidos deu a arrancada, o garoto ficou pendurado pelo lado de fora do carro. Resultado: João Hélio (6 anos) foi arrastado por aproximadamente 7 km (!), teve dedos e a CABEÇA (!!) arrancados no percurso.
Se eu fosse o juiz desses assassinos estúpidos, e se no Basil houvesse pena de morte, eu teria condenado cada um deles à cadeira elétrica enquanto aspiravam gás letal! Mas como eu não fui, eis que ontem (18 de fevereiro) a Justiça do Rio concedeu liberdade a um dos acusados.
Para se ter uma ideia do impacto dessa notícia, no Twitter o caso entrou para os Trending Topics como #VergonhaDeSerBrasileiro. E depois, o jovem ainda foi incluído num programa de proteção do Estado. Resumindo, mais uma vez o Brasil provou sua capacidade de nos fazer de otários.
Mas será que nosso país pode fazer melhor do que isso ou devemos nos conformar com um sistema prisional tão falho como esse?

Eu acredito que o fato do jovem precisar ser incluído nesse programa demonstra que há uma extrema incapacidade do sistema prisional de reabilitar os detentos ao convívio social. Ou seja, a prisão não é suficiente para resolver o problema de desvio de conduta do preso, que, em tese, necessitaria de atenção exclusiva e diferenciada, tais como o programa de proteção.
Não é difícil comprovarmos isso. Já cansamos de ver e rever notícias das condições subumanas das cadeias Brasil afora, consideradas até por uma CPI como "inferno". Diante disso, não é de se impressionar que os índices de reincidência no crime sejam altos. Além disso, a prisão tem sido uma faculdade para criminosos, pois quem entra lá, na maioria das vezes, sai pior do que entrou.
Há algum tempo, uma comitiva gaúcha visitou uma penitenciária privada de Liverpool. Eles constataram que o modelo estrangeiro era tão diferente do nacional que eles nem reconheceram que o local se tratava de um presídio. Além disso, a penitenciária de Liverpool possui ótimos números no que diz respeito à reincidência, fugas, população prisional, etc...
Mas nem precisávamos ir tão longe para ver bons exemplos de penitenciárias. Em Joinville, por exemplo, há um presídio mantido por iniciativa privada que se assemelha em muitos pontos ao de Liverpool e é mais eficiente que muitos presídios "públicos".
Então, uma conclusão óbvia é a de que uma possível solução seria a de privatizar os presídios. Mas eu acredito que não é necessário que chegue a um ponto tão extremo. Talvez fosse tão efetivo que o Governo tratasse os presos como os seres humanos que são, se importando com o destino que ele terá na sociedade após a experiência da prisão e tendo em mente que isso é determinante para que um ex-detento não volte a cometer crimes.
Quem sabe assim João Hélio possa, enfim, descansar em paz.

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Assiste BBB? Mal pra você...


"Salve, salve navegantes dessa nave!"
Desde quando essa frase começou a ser proferida em rede nacional, o Brasil já não é mais o mesmo.
A programação televisiva mudou desde então. Todas as atenções de expectadores, fofoqueiros, Sônias Abrão (redundância com fofoqueiros...), etc, estão voltadas para "a casa mais vigiada do Brasil".
E a nada esperta emissora Globo, para estimular ainda mais esse famigerado vício por "dar aquela espiadinha", insere entre os comerciais de TV depoimentos de telespectadores que passam pelas ruas sobre o quê eles tem achado, quem está bem, quem deve sair no "paredão", e esses ladainhas...
Eu não resisti e postei um deles aqui:






"Ele tá muito arrogante". "Muito calculista". "Ela não interage com os outros". "Ela é muito chata". "Não tá participando muito".
Essas são algumas das palavras das pessoas para justificar porquê tirar a Clementina ou o Felizberto do BBB.
Onde eu quero chegar?
Toda a vez que eu vejo esses depoimentinhos na Globo eu imagino: "Com que moral será que essas pessoas falam dos 'confinados'?"
Quer dizer que só porque as pessoas estão naquela maldita casa elas tem que ser todas perfeitas? E que se elas não forem, merecem cair fora de lá, porque "ela não é digna de ser vista por mim"?
Duvido que metade das pessoas que enriquecem os globistas por trás do BBB com telefonemas/votos sejam pessoas simpáticas, agradáveis, amigáveis, inquestionáveis, humildes, enfim, perfeitas como exigem dos seus candidatos favoritos...

Resumindo, para mim o BBB nada mais é do que uma oportunidade para as pessoas que não tem muito o que ver na TV destilar sua falsidade sobre pessoas excepcionais que são os BBB's, exigindo deles tudo o que elas próprias dificilmente são. Claro, soma-se a isso uma ponta de inveja por "ela estar lá e eu não" e um desejo incontrolável de cuidar da vida alheia e temos então um dos programos mais assistidos da TV brasileira! Fogos de artifício

A máxima antiga já dizia: "não julgues e não serás julgado".
Votando naquele "arrogante" ou naquela "vagabunga" você está desejando excluir/eliminar a tal pessoa do seu campo de visão.
Ah... se a sociedade fosse assim... O mundo não teria lugar para defeitos que todos fatalmente temos, não é?!
E que essas pessoas tomem consciência de que seu julgamento pode não estar tão correto quanto pensam. Vide Hitler. (Eu radical? Imagina...)
Seria bom se essa vigilância e esse padrão de qualidade fossem com os honoráveis ocupantes dos assentos do Senado, da Câmara e da presidência, não é?!

Então, vamos "espiar como nunca"?
Bial, Bial... Acho que me enganei sobre você...

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